terça-feira, 9 de agosto de 2011

Qual seria o seu pedido?


Existem momentos que marcam, pessoas que se tornam únicas e perguntas que fazem desaparecer todas as respostas, deixam nossas cabeças confusas e ajudam outras centenas de indagações emergir para superfície de nossos pensamentos.
Qual seria o seu pedido se pudesse fazer só um?
Provavelmente não seria a paz mundial. Não pediria a erradicação da fome e da miséria. Tão pouco me seria cogitada a cura do câncer e da Aids. Constatações difíceis que revelam que apesar de egoísta não sou hipócrita.
Com raras exceções, o ser humano pode ser caracterizado como egocêntrico. Pensamos, na maioria das vezes, para não falar em todas, no melhor para nós, direta ou indiretamente.
Pois bem, como fora dito, existem perguntas que calam todas as respostas. “Qual seria o seu pedido se pudesse fazer só um?” Cada um ao se fazer esta pergunta irá absorver de forma diferente as reflexões induzidas por ela. O que paira em minha mente no momento não é o desejo em si. Não me preocupa pensar qual seria o meu desejo. O que me angustia é os tantos desejos que deixei para trás. O que faz com que minha cabeça entre em erupção é o simples fato de não ter corrido atrás dos meus antigos sonhos e ter deixado eles envelhecerem.
Perturbador saber que eles ainda vivem dentro de mim, mas sufocado pelas exigências do mundo. Foram paulatinamente anestesiados pelos estereótipos da maioridade. Os desejos que durante toda a minha vida sonhei em concretizar ficaram eternizados como "sonho de criança". Fui obrigada por mim mesma a acreditar que eles eram impossíveis e improváveis. Que existem prioridades para minha sobrevivência incompatíveis com os desejos do meu coração.
Ainda há tempo? Será que consigo rejuvenescer os meus sonhos? Deixar-me-ei ter o prazer de sonhar e correr atrás para que eles se tornem realidade? Terei coragem, força e maturidade para lidar com a situação caso ela tome um rumo inesperado? 
Mesmo que tudo dê errado, terei tentado. E o fantasma do passado não poderá me assombrar. Não terei dívidas com minha infância, com a base estrutural de todo o meu ser.  Não serei culpada por ter cedido de um desejo.

"Proponho que a única coisa da qual se possa ser culpado, pelo menos na perspectiva analítica, é de ter cedido de seu desejo”.(Jacques Lacan)

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