Hoje tenho prova de direito civil, particularmente, posse e propriedade. Imagina
o tamanho da matéria... O que salva é que o professor é bom. Como se não
bastasse ainda tenho que terminar uma resenha de Processo Penal para um estudo
dirigido nesta sexta. Nesses momentos eu penso que já houve dias piores e haverá
outros piores ainda.
Mas minha atenção foi um pouco desvirtuada durante o momento de estudo. Peguei-me a
refletir sobre um sinal de pontuação muito perspicaz: as reticências.
Como esses três pontinhos são
perigosos!
Podem chegar aos extremos em milésimos de segundo. Num instante significar
tudo, em outro, nada. “Entenda como quiser” seria sua melhor tradução. Eis aí a
maior de todas as armadilhas, pois, cada um compreende da melhor forma para si
mesmo.
Na literatura é essencial para permitir ao leitor mergulhar profundamente
no mundo das palavras e senti-las reais e intensas. Mas em outros casos pode
ser considerado um meio de esquivar de possíveis responsabilidades, aquele interminável
disse não disse.
Com pouquíssimas ressalvas, eu gosto de reticências. Gosto do enigma, do mistério
que elas deixam em frases simples. Gosto de mexer com o imaginário e aguçar os
sentidos daqueles que leem. Levá-los a perder um pouco do seu tempo refletindo
o que eu realmente eu quis dizer. Gosto do inverso também. Da agonia em ter que
ler no olhar, no gesto ou na posição e escolhas das palavras da outra pessoa
que podem ou não revelar um pouco mais daqueles três pontinhos.
Seria chato um mundo apenas com pontos finais, vírgulas, interrogações,
exclamações... E quando faltar palavras?
Apesar das infinitas combinações de letras e os seus mais variados
significados nos mais diversos contextos às vezes faltam palavras... A reticência
também supre esse vácuo. Preenche frases e momentos. Socorrem os aflitos, os
indecisos, os sarcásticos...
O que não convém é sair colocando um monte de pontinhos em textos acadêmicos,
informativos e afins. Reticências têm hora e lugar para ser usada. Então, se
quiser desfrutar desse sinal de pontuação que serve como um ás na manga... (entenda como quiser!), tem que se examinar o momento, pois,
colocar reticências quando se pede um ponto final pode ser desastroso, se não
para você, para os outros.
Conclusão: Nada de reticências em provas ;-)