Caderno e caneta à mão, quase como São Jorge montado em seu cavalo para combater o dragão, sento-me no chão, em busca de refugio em outro mundo.
Talvez (quem sabe!), consiga me achar onde as letras, pouco a pouco se unem e formam aquela menina que tanto anseio ser.
Deito. Assim posso relaxar e deixar que minha mão trabalhe enquanto minha mente descansa (relativamente, é claro).
Gosto das palavras, gosto desse jogo de esconde-esconde; de me perder e me encontrar. Nesse mundo de tinta, tenho controle do mundo. Do meu mundo. Onde tenho o privilegio de tentar e não ter medo de errar. Pois caso isso aconteça tenho como ferramenta a borracha.
Quem dera o mundo de “carne e osso” fosse assim.
Pensando bem, ele não teria graça. O encanto desses dois mundos é exatamente esses. Em um posso fazer o que quiser. Tentar, errar, acertar, sem pensar nas consequências. No outro, cada ato resulta em ato de mesma proporção em sentido contrario. Aprendemos a ser cautelosos.
Ambos nos fazem crescer. Conhecer nós mesmo e conhecer o mundo.
O que me encanta nas palavras, sejam estas escritas por mim ou sejam palavras lidas de grandes escritores, é (como já disse), que elas me ajudam a me encontrar.
Quando vejo diante de mim um abismo e não encontro saída, as palavras formam uma escada, pela qual retomo a direção em busca do meu eu. Elas tem o poder de fazer o tempo parar sem necessariamente ter que arrancar as pilhas do relógio.
Pois bem, meus pensamentos desordenados, confusos e aleatórios pararam. Agora ficou somente a tranquilidade de escrever. É incrível como me sinto bem rodeada de palavras. É tão bom quanto tomar banho de chuva com aquela pessoa especial; momento em que se grava cada gota d’agua que encosta suavemente nos corpos, em câmera lenta, e que por mais parecido que essa cena seja com as cenas dos filmes de Hollywood, deixa estas de joelho aos seus pés.
É assim comigo e as palavras. Não anseio ser nenhuma escritora de best seller, tão pouco me importa que ninguém nunca leia as minhas palavras. O que me faz bem, é o banho que as letras dão a minha alma. Cada palavra que escrevo, cada frase que se forma é uma gota d’agua em câmera lenta em direção ao meu corpo, deixando a sensação de eu estar viva.
Não posso dizer que já me encontrei nestas poucas frases já escritas, melhor vividas. O que posso afirmar é que pelo menos eu parei de correr de mim mesma. Agora, no silencio da minh’alma (e da minha casa também) vou aproveitar que meus pensamentos estão temporariamente anestesiados pelas letras, e vou dormir um sono que há tempos não durmo.
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